quarta-feira, 25 de julho de 2012

Mali

Esqueçam as notícias por um momento! Imaginem um país onde a cada esquina há um músico, um pintor, um escultor. Um país onde a agua insiste em esculpir a paisagem. Onde um dos maiores rios de África trava uma luta de morte eterna com o deserto. Sempre assim foi e sempre assim há-de ser. Uma luta em que algum dos dois tem que morrer a não ser que os dois sobrevivam! Uma arquitectura única e linda, inventada há muitos mil anos e que nos reconforta. Que nos protege do calor. Mas que precisa de ser reparada cada ano depois da chuva. E os homens sempre fizeram as reparações como se disso dependesse a sua vida. E depende. Aldeias onde só há um sítio para dormir: a casa das pessoas que nos acolhem como se fossemos da família. E somos. Porque foi ali que tudo começou. Eu estive lá. Gostava de voltar. De lá levar os meus filhos, e a mãe deles, um dia. Não sei se vou poder… E isso faz-me sentir imensamente triste.

Uma realidade mágica!

O Gabo não reconhece ninguém. Pregunta a mesma coisa uma e outra vez, ficou preso num mundo que é só dele. Mas pior que isso, num mundo onde só existe ele e o tempo não passa. Onde o que foi já não é e o que há-de ser também não. Coronéis eternos e putas tristes, revoluções sem sentido nem ordem, nem nada. O realismo mágico é eterno, auto-suficiente e tem lógica em só próprio e não para o resto do mundo. É nesse mundo que o Gabo está! O mundo que ele criou… afinal foi viver para lá!