Passam os dias e muda a forma como nos relacionamos com os outros, connosco mesmos e com o mundo que nos rodeia. Vemos coisas que ontem não vimos e que amanhã não estarão. Quero partilhar a minha percepção. Tomem lá disto!
terça-feira, 9 de outubro de 2012
O Bairro é nosso!!
No Bairro houve putas e navalhadas, marinheiros aguardente, poetas e bêbados! E acreditem ou não, é isso que forma o carácter de uma cidade. Hoje no Bairro há gente de todo o mundo e é isso que continua a formar o carácter à cidade. No outro dia encontrei lá um gajo que foi meu vizinho no meio de África. E no Bairro há barulho e malta a beber copos e música e isso tudo. Mas o Bairro é isso, e quem vai ao Bairro é porque não quer ir a Telheiras. Quem vive no Bairro não quer vive rem Cascais. E quando nos tentam dizer que vai haver rédea curta para o barulho no Bairro o que me apetece fazer á ir lá tocar uma corneta todos os dias das 2 às 3 da manhã. E gritar “hoje ninguém dorme!!”. Porque acreditar numa cidade morta e burguesa, onde todas as pessoas têm que ser iguais e querer o mesmo é matar o espirito da cidade, negar a sua identidade. O Bairro Alto é de todos!
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Submarinos
Perderam os documentos da compra dos submarinos. Ainda bem. Não fosse lá haver provas contra o Paulinho das Feiras… depois ainda o prendiam! Que vergonha!!
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Mali
Esqueçam as notícias por um momento! Imaginem um país onde a cada esquina há um músico, um pintor, um escultor. Um país onde a agua insiste em esculpir a paisagem. Onde um dos maiores rios de África trava uma luta de morte eterna com o deserto. Sempre assim foi e sempre assim há-de ser. Uma luta em que algum dos dois tem que morrer a não ser que os dois sobrevivam! Uma arquitectura única e linda, inventada há muitos mil anos e que nos reconforta. Que nos protege do calor. Mas que precisa de ser reparada cada ano depois da chuva. E os homens sempre fizeram as reparações como se disso dependesse a sua vida. E depende. Aldeias onde só há um sítio para dormir: a casa das pessoas que nos acolhem como se fossemos da família. E somos. Porque foi ali que tudo começou. Eu estive lá. Gostava de voltar. De lá levar os meus filhos, e a mãe deles, um dia. Não sei se vou poder… E isso faz-me sentir imensamente triste.
Uma realidade mágica!
O Gabo não reconhece ninguém. Pregunta a mesma coisa uma e outra vez, ficou preso num mundo que é só dele. Mas pior que isso, num mundo onde só existe ele e o tempo não passa. Onde o que foi já não é e o que há-de ser também não. Coronéis eternos e putas tristes, revoluções sem sentido nem ordem, nem nada. O realismo mágico é eterno, auto-suficiente e tem lógica em só próprio e não para o resto do mundo. É nesse mundo que o Gabo está! O mundo que ele criou… afinal foi viver para lá!
terça-feira, 26 de junho de 2012
The Boy Bands Have Won?
O Cascais Music Festival apostou em música diferente, num cartaz heterogéneo e num formato alternativo a tudo o que por aí se faz. Apostou com a dose de risco que implica qualquer aposta. No entanto conseguiu ser uma declaração de intenções porque juntou o Morrissey com o Carlos do Carmo com o Manu Chao. E isso é defender que a boa música não tem nacionalidade, nem idade nem nada que acabe em dade e lhe ponha fronteiras, barreiras e outros limites. Uma lufada de ar fresco porque contrariou a tendência de servir meias doses de música em recintos tipo centro comercial ranhoso. O CMF permite hoje responder que não, as boysbands ainda não ganharam, os programas de novos talentos ainda não ganharam…
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Rio +20
Porque há sempre motivos para sorrir, cumprem-se agora 20 anos da cimeira do Rio. Serve, como todas as fogueiras de vaidades, para mostrar o caminho que devíamos seguir e não seguimos. O que gostaríamos de fazer e não fazemos. Mas representa também o esforço de muita gente. A luta de vidas inteiras por ideais. Valha-nos isso.
domingo, 17 de junho de 2012
José de Guimarães
Um homem que viaja pelo mundo a coleccionar arte e depois a doa à sua cidade natal deve ser um gajo porreiro. Para mais se o dito usa como nome artístico o seu primeiro e o da dita cidade, é porque tem orgulho nas suas origens e por mais voltas que tenha dado, não se esqueceu de onde vem. E isso é de valor! Uma ala de arte africana, outra asiática e outra pré-colombiana... Apetece-me ir ao Museu José de Guimarães. Em breve!
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Festivais de caixa de supermercado!
Ponto prévio, isto não tem nada a ver com os festivais de verão. Zambujeira ou Paredes, só para citar dois e cá do burgo, são eventos fixes. Porreiros pá! O que não tem jeito nenhum é tentar encafuar uma data de bandas diferentes entre si num espaço ranhoso perto de uma cidade qualquer só para conseguir levar lá não sei quantas mil pessoas. Porque o que nós queremos são concertos a sério de uma hora e tal quase duas em que uma banda da qual gostamos dá o litro para os fans. O resto é tratar a música como pacotes de fraldas.
domingo, 13 de maio de 2012
O resto é paisagem!
Ele é mega-agrupamentos, portagens nas SCUT, reorganização dos corpos de bombeiros, linhas de comboio fechadas e por ai fora. O que eu não entendo é como é que um país onde se esteve prestes de fazer uma regionalização, se pode ter chegado a este ponto. E o pior é que foi assim, a centralizar tudo, a asfixiar a economia do interior que chegámos onde estamos. Parece que há quem ache que estamos no bom caminho.
sábado, 12 de maio de 2012
Para que serve a economia?
Acho piada a estas teorias de que não pode haver empregos para a vida inteira e que é legítimo as empresas gerirem os seus recursos humanos de maneira a serem o mais rentáveis possível, tal como o estado também deveria fazer. Pois eu acho em primeiro lugar que a economia serve para produzir coisas para as pessoas viverem o melhor possível. E quantas mais pessoas melhor. Portanto uma empresa só tem sentido enquanto os seus principais objectivos forem produzir coisas e empregar pessoas. O resto, as margens de lucro, a cotação da empresa e por ai fora deve vir depois.
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Maçã podre
Hoje ouvi alguém dizer que a Apple é a marca mais valiosa do mundo. Não sei se é verdade mas acredito e acho sinceramente que os computadores da marca são os melhores do mercado assim como considero o resto de produtos pouco necessários à vida. Mas adiante que não é isso que me traz aqui. A pessoa em questão fundamentou a sua afirmação numa série de características da empresa como sejam estratégia de marketing e de mercado, design, liderança tecnológica and so on que me pareceram muito coerentes e lógicas. O problema é que a coisa acabou com um contundente: “A marca é portanto a mais valiosa porque é a mais desejada por vinte por cento da população mundial. Quer dizer, é a mais desejada por toda a gente, mas só vinte por cento é que a pode comprar, portanto os outros oitenta não interessam para nada”. Eu, não entendendo nada de gestão de empresas, entendo que a Apple, e as outras marcas todas, só são lucrativas se tiverem estratégias adequadas e uma série de características que as façam destacar no mercado. No entanto sei que as geringonças da Apple utilizam componentes feitos com matérias-primas que só existem em África, e são produzidas em fábricas localizadas em pobres países asiáticos onde as pessoas morrem de fome. Ásia e África onde por sinal vive a grande maioria desses oitenta por cento que não só não podem como nunca vão poder comprar um Mac e nem sequer sabem o que é. Enquanto isto assim for, a maçã está podre.
terça-feira, 1 de maio de 2012
A primeira a 1 de Maio
Não sei se sinto desilusão, pena ou raiva. O dia de hoje deixou-me com muito má impressão do que está a acontecer em Portugal. Entendam-me, não é que eu não soubesse já que as coisas estão más, e muito. Mas nunca pensei que estivessem tão más. Hoje é dia 1 de Maio e havia mais gente na feira do livro que nas manifestações. E também devia haver muita mais num qualquer pingo doce ou centro comercial. Começo por falar das manifestações em si mesmas. Vi duas e chegou. Os sindicatos fizeram daquilo um acto partidista, folclórico, acéfalo e etc. Já o movimentos dos indignados/precários/desempregados não passa de um grupúsculo com pouco sentido do ridículo. Não têm a mínima noção do que estão a falar, essencialmente quando falam em mudar o mundo, revolução e afins, palavras manifestamente grandes para aquilo que eles representam. Em poucas palavras concluo que quem deveria defender os interesses dos trabalhadores e dos mais frágeis foi claramente ultrapassado pelos acontecimentos. Do outro lado está um grupo de empresários ou lá como aquilo se chame que compreendeu e bem que pode fazer o que quiser. Os grandes grupos de retalho e os franchisings abriram as portas e obrigaram os trabalhadores a estar nos seus postos de trabalho sob ameaça de despedimento. Nada novo no horizonte. Os patrões comportaram-se assim antes de os trabalhadores defenderem os seus direitos. Seria de esperar que voltassem a comportar-se assim quando os trabalhadores deixassem de poder ou querer fazer essa defesa. Mais abaixo na escala evolutiva temos o governo absolutamente incapaz de fazer o que quer que seja pela economia do país. Hoje vários grupos económicos, todos com sede fiscal fora do país abriram portas. Amanhã vão levar o dinheiro em caixa para fora e a esmagadora maioria dos empresários e comerciantes portugueses vai continuar a ver definhar os seus negócios enquanto o aparelho do estado os asfixia com impostos e asaes. O triste disto não é estarmos em crise. É estarmos todos tão empenhados em piorar a situação a cada dia que passa.
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