terça-feira, 1 de maio de 2012

A primeira a 1 de Maio

Não sei se sinto desilusão, pena ou raiva. O dia de hoje deixou-me com muito má impressão do que está a acontecer em Portugal. Entendam-me, não é que eu não soubesse já que as coisas estão más, e muito. Mas nunca pensei que estivessem tão más. Hoje é dia 1 de Maio e havia mais gente na feira do livro que nas manifestações. E também devia haver muita mais num qualquer pingo doce ou centro comercial. Começo por falar das manifestações em si mesmas. Vi duas e chegou. Os sindicatos fizeram daquilo um acto partidista, folclórico, acéfalo e etc. Já o movimentos dos indignados/precários/desempregados não passa de um grupúsculo com pouco sentido do ridículo. Não têm a mínima noção do que estão a falar, essencialmente quando falam em mudar o mundo, revolução e afins, palavras manifestamente grandes para aquilo que eles representam. Em poucas palavras concluo que quem deveria defender os interesses dos trabalhadores e dos mais frágeis foi claramente ultrapassado pelos acontecimentos. Do outro lado está um grupo de empresários ou lá como aquilo se chame que compreendeu e bem que pode fazer o que quiser. Os grandes grupos de retalho e os franchisings abriram as portas e obrigaram os trabalhadores a estar nos seus postos de trabalho sob ameaça de despedimento. Nada novo no horizonte. Os patrões comportaram-se assim antes de os trabalhadores defenderem os seus direitos. Seria de esperar que voltassem a comportar-se assim quando os trabalhadores deixassem de poder ou querer fazer essa defesa. Mais abaixo na escala evolutiva temos o governo absolutamente incapaz de fazer o que quer que seja pela economia do país. Hoje vários grupos económicos, todos com sede fiscal fora do país abriram portas. Amanhã vão levar o dinheiro em caixa para fora e a esmagadora maioria dos empresários e comerciantes portugueses vai continuar a ver definhar os seus negócios enquanto o aparelho do estado os asfixia com impostos e asaes. O triste disto não é estarmos em crise. É estarmos todos tão empenhados em piorar a situação a cada dia que passa.

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